10 de abril - Dia da Engenharia Reflexões sobre a reconstrução após a tragédia da Lava Jato
- jornaldeapoioedito
- 10 de abr.
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Neste 10 de abril, quando o Brasil celebra o Dia da Engenharia, é impossível não refletir sobre o que foi perdido - e o que ainda precisa ser reconstruído - após o desmonte de um dos pilares da infraestrutura nacional: a engenharia de grande porte. Se, por um lado, a data é um tributo ao talento técnico e à inteligência brasileira, por outro, é um chamado à memória e à reflexão coletiva diante do que se revelou ser uma das maiores tragédias econômicas e industriais da história recente do país: a farsa da Operação Lava Jato.

O que começou como uma operação para combater a corrupção no setor de petróleo e gás acabou se tornando uma verdadeira bomba de fragmentação contra o setor produtivo. Entre 2014 e 2017, a Lava Jato provocou a destruição de 4,44 milhões de empregos e reduziu o PIB em 3,6%, segundo dados do DIEESE. De 2015 a 2018, as maiores construtoras brasileiras - algumas com atuação global - perderam 85% de sua receita.
Estudos conduzidos por instituições como a UFRJ e a UERJ estimaram em impressionantes R$142 bilhões as perdas diretas nos setores de construção civil, indústria naval, engenharia pesada e metalmecânica. Mas o impacto ultrapassou os setores diretamente investigados. Como mostrou o DIEESE, dos 4,44 milhões de empregos eliminados, 2,05 milhões estavam ligados diretamente às cadeias produtivas afetadas, enquanto os outros 2,39 milhões desapareceram em setores secundários, afetados pela queda na renda, no consumo e nos investimentos - como comércio, transporte e alimentação.

No total, os investimentos - públicos e privados - caíram R$172,2 bilhões no período. A construção civil foi o setor mais atingido, com R$35,9 bilhões a menos. O comércio perdeu R$ 30,9 bilhões, o setor de petróleo e gás outros R$29,2 bilhões, e atividades imobiliárias e financeiras também sofreram perdas significativas. A massa salarial caiu R$85,4 bilhões, e a arrecadação federal afundou: R$47,4 bilhões a menos em tributos, além de R$20,3 bilhões em contribuições para a Previdência e o FGTS.
O grande erro da Lava Jato foi não separar a punição dos executivos das atividades das empresas. Executivos deveriam, sim, ser responsabilizados por seus crimes, mas o que se viu foi uma punição desproporcional às empresas como um todo, que tiveram suas marcas destruídas e seus contratos encerrados abruptamente. A Odebrecht, símbolo da engenharia nacional, quase faliu - e teve de mudar de nome. Não foi só uma empresa que desapareceu, foi uma capacidade estratégica nacional.
O dano de imagem, o desmonte de equipes, e a desestruturação tecnológica deixaram marcas profundas. O Brasil perdeu a sua inteligência de engenharia. Os engenheiros ainda estão aí, mas as grandes equipes foram dissolvidas. Mesmo com novos investimentos chegando, levará tempo - e talvez algumas estruturas jamais voltem a existir, aponta o DIEESE.
A Petrobras, pressionada pelo governo Temer após a Lava Jato, passou a atuar apenas na extração, abandonando o refino e o investimento em tecnologia, numa guinada de curto prazo para agradar acionistas. Com isso, a empresa perdeu parte de sua vocação estratégica como catalisadora do desenvolvimento nacional.
Este Dia da Engenharia é, portanto, mais do que uma data comemorativa. É uma oportunidade de refletir sobre os caminhos da reconstrução, de reparar os danos e de recuperar o que foi desmontado por uma operação que, ao invés de fortalecer as instituições, enfraqueceu a economia, destruiu empregos, desorganizou a indústria e atrasou o futuro.
É hora de pensar no país que queremos construir - e ter coragem de olhar para os erros do passado. Que o Brasil volte a valorizar sua engenharia, sua inteligência técnica e seus profissionais. Sem engenharia forte, não há soberania, não há desenvolvimento, não há nação.

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Matéria elaborada através de informações publicadas pela Agência
Brasil sob os auspícios do repórter Wellton Máximo em 17/03/2024





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