O Brasil precisa investir em ferrovias
- jornaldeapoioedito
- 23 de abr.
- 2 min de leitura
Recentemente, fiz uma viagem de carro com minha esposa, percorrendo três das principais rodovias paulistas - Anhanguera (SP-330), Dom Pedro I (SP-065), Carvalho Pinto (SP-070) e Rodovia dos Tamoios (SP 099). São vias modernas, bem sinalizadas, pedagiadas e, teoricamente, preparadas para suportar o fluxo intenso de veículos. No entanto, mesmo com toda essa infraestrutura, o cansaço que senti ao final do trajeto foi brutal.

Aos quase 73 anos, é natural que longas jornadas exijam mais do corpo. Mas o verdadeiro peso da viagem veio da tensão constante ao volante. A todo momento, caminhões de grande porte disputavam espaço conosco, exigindo atenção redobrada, ultrapassagens cuidadosas e muita paciência em trechos de menor fluidez. A sensação era de estar dirigindo por rodovias apenas de carga, nas quais veículos de passeio não eram bem-vindos.
De volta à rotina, a inquietação permaneceu. Fiz uma breve pesquisa e confirmei algo que muitos já sabem, mas poucos enfrentam: o Brasil transporta mais de 60% de suas cargas por rodovias. Caminhões e carretas, essenciais mas sobrecarregados, cruzam o país diariamente levando tudo - de alimentos a combustíveis, de insumos industriais a produtos agrícolas. E fazem isso por falta de uma alternativa viável: as ferrovias.
Em países desenvolvidos, o transporte ferroviário é pilar da logística nacional. É mais eficiente, mais seguro e mais sustentável. Reduz os custos, os acidentes e o desgaste da malha rodoviária. Enquanto isso, o Brasil possui pouco mais de 30 mil quilômetros de ferrovias - número que mal cresceu nas últimas décadas e que se mostra absolutamente insuficiente para o tamanho continental do país.

Precisamos romper com esse modelo ultrapassado de logística. Precisamos, sim, continuar investindo na manutenção e expansão das rodovias, mas não podemos mais negligenciar o papel dos trilhos. Ferrovias modernas, eletrificadas, integradas aos polos de produção e consumo são indispensáveis para o crescimento econômico e o bem-estar da população. E não se trata apenas de eficiência: é também uma questão de segurança, de saúde, de qualidade de vida para milhões de brasileiros que, como eu, se veem reféns de um sistema desequilibrado.
Chegou a hora de colocarmos o transporte ferroviário no centro do debate nacional. É uma pauta que une sustentabilidade, desenvolvimento e justiça social. Afinal, o futuro do Brasil não pode continuar preso no asfalto.





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