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As trevas do passado e as sombras do presente

  • jornaldeapoioedito
  • 22 de jun.
  • 2 min de leitura

No dia 22 de junho de 1633, um dia como hoje, Galileu Galilei foi forçado a ajoelhar-se diante da Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, e renegar, sob pena de morte, aquilo que seus olhos haviam visto, seus cálculos comprovado e sua razão sustentado: que o Sol, e não a Terra, está no centro do sistema planetário. Foi uma das noites mais longas da razão na história da humanidade. Galileu, o pai da ciência moderna, proferiu então as palavras que ecoam até hoje como símbolo da resistência à ignorância dogmática: “E, no entanto, ela se move.”

 

Naquele momento, a instituição religiosa que deveria iluminar os corações com a verdade de Deus escolheu manter-se presa a uma leitura equivocada das Escrituras, sufocando o conhecimento, calando a ciência e punindo o pensamento crítico. Foi uma época de trevas, em que a fé foi usada para negar a verdade em vez de promovê-la.

 

Quase quatro séculos depois, vivemos sob a luz da internet, da inteligência artificial, da medicina de ponta e das imagens do telescópio James Webb que revelam os confins do cosmos. No entanto, as sombras do obscurantismo ainda persistem. Em tempos recentes, vimos a recusa de vacinas, a negação das mudanças climáticas, o desprezo por pesquisas científicas e a manipulação de informações nas redes sociais - tudo isso com roupagem de fé ou ideologia.

 

Como pode ser que, em pleno século XXI, ainda se repitam os erros do século XVII? Como ainda há quem use o nome de Deus para desacreditar aquilo que Ele mesmo estruturou com sabedoria - o universo, a natureza, as leis físicas?

 

A Bíblia nunca foi inimiga da ciência. O verdadeiro cristão, que conhece a Palavra e caminha em fé sincera, sabe que “os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Salmo 19.1). A criação, investigada com instrumentos e mentes curiosas, revela a ordem e o propósito divino. A ciência, quando fundamentada e bem conduzida, não afronta Deus - ela apenas descobre mais profundamente aquilo que Ele já criou.

 

Portanto, negar a ciência é, paradoxalmente, negar a grandiosidade do Criador. É não reconhecer que a razão humana, quando colocada a serviço da verdade, é uma das expressões da imagem de Deus em nós.

 

É urgente que a fé e a razão voltem a caminhar lado a lado. Que os púlpitos ensinem a verdade com discernimento, que as escolas promovam o pensamento crítico e que os crentes sejam os primeiros a honrar o conhecimento verdadeiro - pois não há conflito entre a fé genuína e a ciência legítima. O que há, ainda hoje, são trevas causadas por ignorância voluntária e por interpretações distorcidas da Palavra.

 

No dia em que Galileu foi forçado a calar-se, a luz da razão foi abafada. Mas hoje, com as vozes livres e os céus cada vez mais desvendados, que não sejamos nós a repetir o erro dos inquisidores. Que sejamos, antes, como Galileu: convictos de que a verdade de Deus resiste à opressão e, mesmo nas trevas, continua a se mover.

 

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