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251 deputados são cúmplices da desigualdade fiscal do país

  • Foto do escritor: Editor BN
    Editor BN
  • 13 de out.
  • 3 min de leitura

No dia 8 de outubro de 2025, o Congresso Brasileiro deu mais uma demonstração escancarada de que, no Brasil, o interesse público da maioria da população é subalterno aos interesses privados. Em votação que terminou com 251 votos favoráveis à retirada de pauta e 193 contrários, os deputados federais derrubaram a Medida Provisória 1.303/2025, que visava tributar de forma mais justa o que ficou denominado de BBB - Bancos, Bets (apostas) e os impostos devidos pelos Bilionários.

 

A MP tinha como objetivo compensar o recuo do Executivo no uso do IOF - após o decreto que o havia elevado ter sido contestado - e garantir maior equilíbrio fiscal para os próximos anos. O governo projetava arrecadar R$ 10,5 bilhões em 2025 e R$ 21 bilhões em 2026 com as novas alíquotas.

 

Ao impedir que o Congresso sequer analisasse o mérito da proposta - bastou aprovar um requerimento para retirá-la da pauta - os deputados evitaram votar exatamente aquilo que foi prometido ao eleitor: tributar quem mais lucra em vez de penalizar ainda mais quem sobrevive com pouco.

 

O eleitor e o paradoxo do “representante”

 

Como explicar ao eleitor que aquele deputado que prometeu “defender o trabalhador, a classe média, o povo” como seu “representante” preferiu votar conforme os interesses dos grandes bancos, das empresas de apostas (bets) e dos bilionários que, em grande parte são financiadores de campanhas dos próprios deputados? Continua o processo de iludir o eleitor com promessas de campanhas nas eleições para depois cumprir a agenda dos financiadores das campanhas.

 

Quando um parlamentar se comporta como mero avalizador das estruturas de poder financeiro - e não como representante comprometido da sociedade - ele afronta o pacto democrático que lhe deu mandato. Eleitos para reduzir desigualdades e legislar em favor da justiça social, muitos optaram sistematicamente por esvaziar medidas que fariam justamente o contrário: reduzir privilégios concentrados.

 

Para quem financiou campanhas ou ativou redes de cabos eleitorais, esse voto representa concreto retorno. Para quem confia no Estado e clama por melhoria de vida, representa traição. Por isso mesmo cada a cada ano a avaliação do Congresso Nacional vai se deteriorando.

 

Governadores e intervenções políticas

 

Não foi por acaso que esse movimento contou com pressão de governadores críticos da Medida provisória. O relator da proposta chegou a afirmar que houve interferência política de caráter eleitoral para inviabilizar a aprovação.

 

Quando o poder estadual ou partidário interfere no Congresso para barrar medidas de justiça fiscal, revela-se o caráter desigual e manipulável daquilo que chamam de “negociação política”. Não é diálogo de interesse público: é lobby com fúria e urgência.

 

Consequências práticas - e quem vai pagar


Com o arquivamento da MP, o Executivo agora precisará encontrar outro caminho para fechar as contas com os investimentos sociais. Bloqueios em gastos, contingenciamento de emendas parlamentares ou novos aumentos de impostos sobre consumo (que recaem sobre os pobres) são alternativas prováveis.

 

Ou seja: quem nunca lucrou com o sistema vai pagar a conta - na saúde, na educação, nos serviços públicos, na inflação de preços, no aperto orçamentário. E quem lucra montanhas continuará navegando num regime tributário que favorece os ricos. Quem financia campanhas recebe de volta com juros e quem vota sai derrotado, como sempre.

 

Responsabilidade e memória eleitoral

 

Não se trata apenas de uma votação técnica ou circunstancial: é uma decisão política de envergadura. E os 251 deputados que votaram para derrubar a MP - beneficiando grupos econômicos de elite - devem ser expostos e carregar essa marca nas eleições que virão.

 

A cidadania exige que conheçamos quem votou contra o povo, quem votou para proteger os privilégios dos que já são mais privilegiados pelas leis. A lista, publicada por entidades jornalísticas, sindicatos e movimentos sociais, precisa ser objeto de intensa divulgação no período eleitoral. Que nem um nome escape ao radar do eleitor informado.

 

Se há algo que se aprofunda com esse episódio é a percepção - cada vez mais clara - de que muitos deputados não legislam para o país, mas para quem os financia e lhes concede poder. Na eleição que se aproxima, quem ainda confia em promessas vazias deve exigir responsabilidade, coerência e compromisso real.

 

REFERÊNCIA DE CONSULTAS:

 

 

 

 

 

 

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